Carta de Paulo aos Efésios
Roteiro para estudo
1. Introdução à carta
2. Leitura da Carta (A Bíblia - Novo Testamento, Paulinas).
Roteiro para estudo
1. Introdução à carta
2. Leitura da Carta (A Bíblia - Novo Testamento, Paulinas).
3. Estudo da Carta
4. Atividade
5. Oração (Leitura orante - Paulina)
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VIDA PLENA EM CRISTO
Introdução
As quatro cartas aos Filipenses, a Filemon, aos Colossenses e aos Efésios formam o grupo das cartas do cativeiro. As três primeiras foram muito provavelmente escritas em Éfeso, entre os anos 55-57. Efésios e Colossenses talvez tenham sido escritas na mesma ocasião; é o que se deduz da semelhança entre elas e pelo fato de mencionarem Tíquico como portador de ambas (Ef 6,21; Cl 4,7). O Apóstolo parece não conhecer pessoalmente os destinatários dessas duas cartas. Isso nos leva a pensar que a carta aos Efésios, na origem, não teve destinatário preciso; talvez fosse uma circular destinada às comunidades da região próxima a Éfeso; e alguns chegam a pensar que seria a mesma carta dirigida à igreja de Laodicéia, citada em Cl 4,16. Note-se que a expressão «em Éfeso» (Ef 1,1) falta em diversos manuscritos antigos.
A carta aos Efésios é fruto de longa e amadurecida meditação teológica. Contemplando o projeto de Deus para a salvação da humanidade, o olhar de Paulo se concentra em Jesus Cristo no céu. É a ideia central da carta. Cristo, porém, não está longe do mundo nem dos homens. De fato, sua soberania engloba toda a criação e com ela toda a humanidade, que assim constituem o seu Corpo, a Igreja, na qual se manifesta o grande mistério revelado, ou seja: em Cristo, Deus reúne todos os homens na paz e na unidade, excluindo quaisquer separações de raça ou de origem religiosa. Cristo é o centro e ápice do eterno projeto de Deus, é o caminho da reconciliação e reunião de todos os homens no único povo de Deus.
A Igreja abarca a humanidade inteira, e Paulo a contempla nas dimensões do universo. Ela é descrita sob três imagens: esposa (5,22-23), corpo (1,23; 4,16) e edifício (2,19-22). Desse modo, o Apóstolo relembra os laços íntimos e orgânicos que unem os homens a Cristo e entre si na comunidade, para levá-la ao pleno desenvolvimento. A carta aos Efésios é a carta do mistério da Igreja.
2. Leitura da Carta (A Bíblia - Novo Testamento, Paulinas).
3. Estudo da Carta
A cidade de Éfeso acolheu Paulo por bem três anos, quando de sua passagem pela Ásia. Recebeu do Apóstolo, certamente, uma atenção especial. Era uma cidade muito grande, com intenso afluxo de pessoas de todos os cantos do Império. Com isso, havia muitas ideias e religiões em choque. O Cristianismo anunciado por Paulo e por seus colaboradores era uma das muitas vozes que se apresentavam como portadoras da verdade. De fato, a proposta cristã era muito diferente das demais e é essa sua apresentação única que poderia atrair os efesinos. Não há muitas notícias da cidade fora das Cartas paulinas. O que há é a questão da origem da própria Carta e o sentido teológico que ela expõe.
Características da Carta aos Efésios
A primeira observação quanto à Carta aos Efésios é justamente sua identidade. O primeiro versículo, na apresentação do endereço, apresenta-se diversamente entre os manuscritos antigos.
Lemos, em muitas bíblias, a tradução: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos cristãos de Éfeso e aos que creem em Jesus Cristo" (1,1). Mas a localização "de Éfeso" não consta em muitos manuscritos antigo, inclusive nos mais atestados. Assim, o título deveria ser: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos e que creem em Jesus Cristo". Tirando-se a menção a Éfeso, tudo o mais continua sem mudanças.
O que seria, então, essa Carta? Muitos opinam ser ela uma carta circular, o que a tornaria uma obra não dirigida a uma igreja em particular, mas a todas as igrejas da Ásia menor, visitadas ou não pelo Apóstolo. Outros indicam que deveria ser, originalmente, uma carta aos laodicenses. Um terremoto destruidor de Laodiceia teria forçado seus habitantes a ir até Éfeso. Deram, assim, uma nova identidade à Carta do Apóstolo. São hipóteses não de todo impossíveis, mas difíceis de constatar, especialmente a segunda. O fato é que a Carta não apresenta pormenores da igreja de Éfeso, como era de costume nas Cartas de Paulo: ele citava situações das igrejas para onde dirigia suas Cartas; nessa carta, porém, eles não existem.
As frases, as afirmações e as ideias de Paulo revelam que não estão familiarizados com a vida e a situação dos efesinos. Faltam, também, saudações a pessoas e a grupos da comunidade. Entretanto, em Efésios 1,15, lê-se isto: "por isso também eu, tendo ouvido falar da vossa fé no Senhor Jesus, e do amor para com todos os cristãos […]", o que sugere que o autor está se dirigindo a um grupo específico de pessoas, as quais manifestam uma notável expressão de fé.
Ainda em Efésios 6,21s, lê-se:
"E para que também vós estejais a par da minha situação e do que faço aqui, Tíquico, o irmão muito amado e fiel ministro no Senhor, vos informará de tudo. Eu vo-lo envio precisamente para isto: para que sejais informados do que se passa conosco e para que ele conforte os vossos corações. Aqui, é mencionado o nome de Tíquico, colaborador de Paulo, enviado por ele. Na carta, menciona-se que ele "[…] vos informará de tudo".
Quem ele informará? O contexto supõe um grupo, uma igreja! Mas onde estão os nomes, conhecidos e participantes dessa igreja, que pode ser de Éfeso, de Laodiceia ou de outro local? Assim, a questão dos destinatários da Carta aos Efésios continua em aberto. A questão do seu conteúdo é outro tema interessante. Essa carta tem índole acentuadamente eclesiológica. Além disso, apresenta extensos textos em que o comportamento cristão é apresentado de modo a fazer compreender uma relação de virtudes e condutas necessárias para o viver cristão.
Os temas de Colossenses repetem-se com muita frequência em Efésios, quase que fazendo supor que aquela Carta serviu de base para esta. As palavras e o sentido do pensamento do autor de Efésios é, também, muito próximo do autor de Colossenses.
Estrutura e comentário à Carta aos Efésios
Veremos, agora, a estrutura da Carta aos Efésios.
Saudação (1,1–2)
A saudação é de Paulo, que se identifica como Apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus. Os destinatários, ou o endereço, não existem, conforme nossa opção de seguir a tendência dos manuscritos que não apresentam essas informações.
Primeira parte: Cristo na Igreja (1,3—3,21) Na primeira parte, Paulo insiste, de modo muito poético, na ação da graça em seus ouvintes e nele próprio. Cristo realiza tudo em todos e marca todos com a sua graça. Se a recebemos, é por pura gratuidade de Deus.
Hino a Cristo (1,3–14)
O hino a Cristo é semelhante àquele de Colossenses, mas é mais bem elaborado em vista do conteúdo parenético (exortativo moral) que se seguirá. Ele é dirigido a gentios que, não conhecendo as promessas a seu respeito, acabam por entrar na sua intimidade. Todos são "filhos adotivos" (versículo 5), abençoados (versículo 3), escolhidos (versículo 4), redimidos (versículo 7), conhecedores da vontade de Deus (versículo 9), predestinados (versículo 11), feitos herança (versículo 11) etc. O hino faz a constante ligação do dom que é Cristo e sua ação nas pessoas, em "nós", independentemente da identidade e da expectativa anterior de quem está ouvindo ou lendo a Carta.
Glorificação do Senhor (1,15–23)
Em seguida, Paulo apresenta Cristo como objetivo do conhecimento dos leitores. Ele mesmo deve iluminar a inteligência de quem está vivenciando tudo o que a Carta reflete. Paulo faz votos de que seus leitores saibam e conheçam a ação de Deus, realizada de modo intenso e pleno. […] que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco, que abraçamos a fé. É o mesmo poder extraordinário que ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o sentar à sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro (1,18–20).
Os leitores devem ficar alegres, pois receberam a graça da presença de Cristo Jesus de modo gratuito. Tudo o que pode tocar as pessoas e interferir em sua vida é tomado por Cristo, inclusive os elementos míticos e mistérios, como já afirmado em Colossenses. E isso tudo está na cabeça da Igreja, dando-lhe identidade e segurança.
Ação de Cristo na história (2,1–10)
Aqui, Paulo trata da conversão operada por Cristo nos ouvintes da Carta. A situação anterior deles é de morte, por conta dos pecados. Sem Cristo, antes de seu conhecimento, todos andavam nas trevas, mas sua presença tornou tudo salvo, resgatado. Tudo pela graça, de modo espontâneo, sem condições prévias. Deus manifestou assim sua bondade absoluta em Cristo. Essa escolha é uma predestinação: todos podem e serão tomados pela graça de Cristo, independentemente de sua origem ou condição. Mas é necessário aceitar tudo isso.
Reconciliação dos gentios (2,11–22)
Paulo cita os "circuncisos", no sentido de judeus, e os "incircuncisos", no sentido de gentios. Os incircuncisos não tinham a herança de Israel, mas, agora, tudo mudou. Todos, pelo sangue de Cristo, se tornaram próximos de Deus. Em 2,14–18, temos mais um hino, no qual Cristo é destacado como criador do "homem novo". Ele faz judeus e gentios possíveis de encontrar o Espírito (versículo 19). Os ouvintes da Carta já não são estrangeiros em relação a Cristo. Estão íntimos da herança de Deus, sendo sua família. É em Cristo que essa nova situação, que se assemelha a um edifício, se eleva.
Os gentios e Paulo (3,1–13)
Paulo fala de si e de seu ministério. Ele conhece o mistério revelado em Cristo e apresenta-o a todos os gentios, que podem, assim, participar dele. Da leitura do texto, nota-se a altíssima estima que Paulo expressa pela sua identidade de Apóstolo, apresentador ou anunciador do Evangelho. A Igreja, comunidade dos que creem em Cristo, tem, agora, a possibilidade de dar a conhecer a vontade de Deus.
No final dessa passagem, Paulo alega "tribulações" a seu respeito. Seus ouvintes não se devem abater por isso. Estará falando ele do cativeiro, das perseguições ou das dificuldades comuns de seu ministério? Talvez seja do cativeiro; possivelmente (segundo nossa opinião), do cativeiro romano. Oração (3,14–21) Paulo ora pela realidade que vivencia. Pelo dom que é vivê-la e pela situação que seus ouvintes, agora, podem conhecer na adesão ao mistério de Cristo. Na sua ação de graças, ele usa palavras e expressões curiosas, que criam uma ideia de construção, conforme podemos ler na passagem a seguir: [...]. Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus (3,17–19).
Segunda parte: exortações e comportamento (4,1—6,20)
Unidade em Cristo (4,1–8).
Paulo exorta à unidade em Cristo Jesus. Diz-se prisioneiro, certamente indicando seu cativeiro. Isso causa uma importância maior às suas afirmações e indicações. Ele insiste na necessidade de unidade, falando que existe uma única cabeça e um só Espírito, isto é, um Cristo e um Espírito, que inspira e elege a todos para que todos estejam na vida. Por isso, há, também, um só batismo, uma só esperança, um só Senhor e Deus. A unidade dos fiéis é segurança de sua adesão ao mistério de Cristo. Por isso a insistência nesse ponto.
Identidade dos cristãos (4,9–16)
Todos estão em Cristo, embora cada um tenha uma identidade, uma maneira de ser e de viver. Paulo elenca os carismas brevemente: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Cada um está a serviço da comunidade em nome do Senhor.
Todos podem crescer em Cristo e experimentar a realidade de uma vida marcada pela graça e pela ação de Cristo-Cabeça, do qual seus ouvintes, que formam a igreja, são os membros.
Vida em Cristo (4,17—5,20)
Descoberto tudo isso, o que é importante é a vida nova em Cristo Jesus. Os gentios devem conhecer essa situação e vivenciá-la, pois é ele quem dá vida. Todo o longo período é uma insistente apresentação da imitação de Cristo, da adesão a seu mistério e da vida que daí emana.
Comportamento em família (5,21—6,9)
Bem articulada a longa passagem anterior, surge, agora, essa passagem, também longa e bem articulada, que exorta à vida nova de modo concreto, na família e nas relações humanas. Maridos, esposas, filhos e pais têm uma palavra de exortação e de alerta a respeito de sua conduta. Tudo deve estar em Cristo Jesus. São incluídos, também, os servos e os senhores.
Combate espiritual (6,10–20)
Por combate espiritual, entende-se a capacidade de viver em meio às crises e às contradições da vida a partir da intimidade com Cristo. Mais uma vez, surge, como em Efésios, a ideia de poderes míticos, como autoridades, potestades etc. Paulo deixa isso de lado em função da ação de Cristo Jesus sobre tudo e sobre todos. É necessário revestir-se de Cristo. Para tanto, deve-se orar e suplicar a coerência da vida e a adesão constante ao Senhor. Paulo pede que seus ouvintes orem por ele também, pois ele deseja, ainda, anunciar o Evangelho.
Saudações finais (6,21–24)
As saudações finais não têm o colorido de outras Cartas. Sua simplicidade dá a entender o caráter mais amplo dessa Carta. Não há menção de recordações. É mencionado Tíquico, portador da Carta.
4. Atividade
Ver os vídeos abaixo,
Entendendo Efésios - Contexto Histórico
Interpretando o texto
e destacar, na fala da professora, a visão de Paulo sobre Jesus Cristo.
5. Oração (Leitura orante - Paulina, como é sugerida na página inicial deste site)
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