Cartas Paulo Apóstolo

Cl

COLOSSENSES (Cl)
ROTEIRO PARA ESTUDO

1. Introdução à carta
2. Leitura da Carta (possivelmente em A Bíblia -  Novo Testamento, Paulinas).
3. Estudo da Carta
4. Atividade 
5. Oração (Leitura orante - Paulina, como é sugerida na página deste site)

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CRISTO, IMAGEM DO DEUS INVISÍVEL
1. Introdução à carta

Colossas era uma pequena cidade da Ásia Menor, distante 200 km de Éfeso, e próxima de Hierápolis e Laodiceia (4,13.16). Paulo não a visitou pessoalmente (2,1). As comunidades cristãs de Colossas, Hierápolis e Laodiceia foram fundadas por Epafras, discípulo de Paulo (1,7; 4,13), enquanto este se encontrava em Éfeso (At 19).

Os cristãos de Colossas eram provenientes do paganismo (1,21.27) e costumavam reunir-se nas casas de família como na de Ninfas (4,15) e na de Arquipo (4,17; Fm 2).

A carta aos Colossenses foi escrita na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55 e 57 (At 19), talvez na mesma ocasião em que foi escrita a carta aos Filipenses.

Epafras informou Paulo sobre a situação dos cristãos em Colossas (1,8). Os cristãos estavam ameaçados por uma heresia que misturava elementos pagãos, judaicos e cristãos. Seus seguidores davam muita importância aos poderes angélicos, às forças cósmicas e a outros seres intermediários entre Deus e o homem, que teriam papel importante no destino de cada pessoa. Essas idéias traziam, como conseqüência, a busca de um conhecimento do mundo fascinante e misterioso que dominava os homens. Ao lado disso, depositava-se confiança numa série de observâncias religiosas que garantiriam a benevolência desses poderes superiores: observância de festas anuais, mensais e sábados, leis alimentares (2,16.21) e ascéticas (2,23), culto aos anjos (2,18) e às forças cósmicas (2,8) etc. Tudo isso comprometia seriamente a pureza da fé cristã.

Paulo então mostra que Cristo é o mediador único e universal entre Deus e o mundo criado; tudo se realiza por meio dele, desde a criação até a salvação e reconciliação de todas as coisas. Deus colocou Jesus Cristo como Cabeça do universo, e os cristãos, que com ele morreram e ressuscitaram e a ele permanecem unidos, não devem temer nada e a ninguém: nada mais, tanto na terra como no céu, pode aliená-los e escravizá-los. Doravante, o empenho na fé em Cristo é o caminho único para a verdadeira sabedoria e liberdade. Só a renovação em Cristo pode derrubar as barreiras entre os homens, dando origem a novas relações humanas, radicalmente diferentes daquelas que costumam existir na sociedade (3,11).

O problema que Paulo enfrenta em Colossas não é a contraposição entre fé e incredulidade. Trata-se de uma questão que surge dentro da própria Igreja: distinguir entre o verdadeiro e o falso na carta aos colossenses.

2. Leitura da Carta (possivelmente em A Bíblia -  Novo Testamento, Paulinas).

3. Estudo da Carta

O contexto da Carta 

A Carta aos Colossenses é considerada, como Filipenses e Efésios, uma carta de cativeiro. Paulo encontra-se preso ou em Cesareia, entre os anos de 58 e 60, ou em Éfeso, entre 54 e 57, ou, finalmente, em Roma, entre os anos de 61 e 63, no primeiro cativeiro, se considerarmos que houve um segundo cativeiro, posterior ao relato de Atos dos Apóstolos 28,30–31. 

A igreja de Colossas, ou Colossos (as duas formas são possíveis), não era de origem paulina, mas, sim, fora fundada por Epafras, zeloso e empenhado colaborador do Apóstolo. 

É uma comunidade marcada por intensas buscas de sinais, sentimentos, ideias e crenças marcadas por elementos cósmicos, naturais (os quatro elementos), zodiacais, místicos. É difícil reconhecer, em um caldo tão espesso de crenças e noções vagas e afetivas, um traço preciso  de uma ou outra corrente de pensamento. O que mais é possível de se enxergar é um latente Gnosticismo, com forte acentuação de elementos filosóficos gregos. 

Não nos parece difícil reconhecer a índole protopaulina dessa Carta. Por exemplo, os períodos longos da Carta e seu desenvolvimento são difíceis de coadunarem-se com a realidade de um texto escrito por um secretário. Na redação desse tipo, a tendência é dividir o pensamento em períodos mais compreensíveis, não obstante algumas dificuldades relativas à linguagem e aos argumentos. Paulo não precisava se repetir constantemente na argumentação! 

Pelo contrário, se ele escrevia em função das situações concretas das igrejas com as quais se comunicava, é de se esperar que os argumentos mudassem. 

As questões vocabulares são, também, anexas a essa circunstância e ao conhecimento do secretário que se empenhava na escrita. 

A despeito das alegadas dificuldades, respeitando, contudo, as posições muito difundidas do deuteropaulinismo, tudo indica que a Carta aos Colossenses deva ser datada do primeiro cativeiro romano, entre os anos de 61 e 63. 
Se é uma Carta deuteropaulina, ela poderia ter sido escrita pelo ano 80, em Éfeso. 

Estrutura e comentários à Carta aos Colossenses 

Façamos uma breve análise da Carta aos Colossenses e de sua estrutura observando o esquema:

Prólogo  - 1,1–14 

=  Primeira parte: doutrina1,1–14 1,14—2,5 
 Hino cristológico - 1,15–20 
 Os colossenses em Cristo  - 1,21–23  
-  Paulo e os gentios - 1,24—2,5 


= Segunda parte: consequências doutrinárias 
- "Não" às doutrinas vãs, "sim" a Cristo - 2,6-8 
- Cristo é o principal -2,9-15 
- Costumes e atitudes falsas - 2,16-23
- Em Cristo, a vida nova - 3,1-4

= Terceira parte: ética - 3,5-4,6
- Comportamento cristão - 3,5–17 
- Moral doméstica - 3,18-4-1
- Comportamento apostólico -  4,2–6
- Conclusão - 4,7–18 

Prólogo (1,1–14) 
Paulo escreve a Carta junto a Timóteo, que ele chama, aqui, de irmão. Afirma que conhece a fama da fé da Igreja de Colossas e ora por ela. Afirma, também, que o Evangelho, tendo chegado até lá, está em todo o mundo produzindo frutos. 
O apóstolo de Colossas foi Epafras, chamado de querido companheiro de serviço de Paulo (1,8). Paulo declara, também, que o conhecimento de Deus, de sua sabedoria, conduz à herança dos santos. Eles podem entrar na luz, em contrapartida a viver nas trevas. Certamente, aqui, iniciam-se os argumentos que devem, depois, ser desenvolvidos. Os colossenses estão muito relacionados a elementos mistéricos e míticos, não olhando de frente a Cristo. Por isso vem a perícope seguinte. 

Primeira parte: doutrina (1,14-2,5)
 A primeira parte tem acento na doutrina, especialmente na compreensão do mistério de Cristo Jesus. É mais fácil olhar e seguir os sentimentos sensíveis da natureza e da mitologia do que compreender o mistério de Cristo Salvador. 

Hino cristológico (1,15–20) 
O hino cristológico é uma pérola teológica inserida por Paulo. Ele identifica Cristo como cabeça da Igreja e vai muito além do hino a Cristo em Filipenses. 
Em Colossenses 1,15, Jesus é declarado imagem do Deus invisível e primeiro das criaturas. A ele é atribuída uma identidade divina, a preexistência sobre tudo e todos. Isso é essencial para a compreensão do pensamento da Carta aos Colossenses. As ideias sobre diversos elementos mistéricos desviavam da graça nascida do encontro com Cristo Jesus e da vida em comunhão com sua vontade. Paulo insere em sua Carta esse hino para dar o tom, apresentar o princípio fundamental da sua argumentação. 
É oportuno que você retome o hino cristológico de Filipenses 2,5– 11 e faça uma comparação com o hino de Colossenses 1,15–20. Semelhanças, diferenças e perspectivas podem ser evidenciadas. 

Os colossenses em Cristo (1,21–23) 
Os colossenses estão em Cristo pela sua morte. Eles são resgatados em Cristo desde as obras más e pensamentos inadequados. Isso os tornava inimigos da verdade. Agora, eles estão alicerçados e firmes na fé. Tudo no céu e na terra, toda criatura deve a ele, Jesus Cristo, sua existência e sentido. Paulo declara ser ministro, isto é, servidor, dessa verdade e do sentido de tudo. 

Paulo e os gentios (1,24-2,5) 
Paulo inicia uma ação de graças e declaração de sua própria identidade. Ele se associa aos sofrimentos de Cristo na medida em que o dá a conhecer aos povos gentios. Ele se reconhece Apóstolo dos gentios: A estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória! A ele é que anunciamos, admoestando todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo. Eis a finalidade do meu trabalho, a razão por que luto auxiliado por sua força que atua poderosamente em mim (1,27–29). Por isso, Paulo, embora não tenha fundado diretamente a igreja de Colossas, preocupa-se e empenha-se por ela, bem como pela igreja de Laodiceia, que também não o conhece. Certamente, Paulo insiste nessa situação de interesse pelas igrejas que o desconhecem pessoalmente em função dos constantes ataques e calúnias de judaizantes e outros seus inimigos.

 Segunda parte: consequências doutrinárias (2,6-3,4)

 "Não" às doutrinas vãs, "sim" a Cristo (2,6–8). 
Os colossenses devem andar em Cristo Jesus, não nos caminhos errados das doutrinas da "filosofia". Por "filosofia", não se devem entender os sistemas filosóficos gregos e os instrumentos de pensamento que eles propõem, mas, sim, as especulações mais próprias do Esoterismo, que encontram, no conhecimento dos elementos físicos, a razão da existência. É um conjunto de ideias mais relacionadas a um início de Gnosticismo. 

Cristo é o principal (2,9–15) 
Em seguida, Paulo irrompe uma série de frases de grande efeito, relativas a Cristo e sua identidade, sua missão e sua pessoa. Ele é o Ressuscitado que dá vida, que conduz à verdade e ao perdão dos pecados. Tudo está a ele submetido, os "principados" e as "autoridades". Essas são categorias de seres espirituais, cheios de poder e ciência ("éons"), que marcam a vida e a conduta das pessoas. 

Costumes e atitudes falsas (2,16–23) 
Paulo liberta os colossenses dos limites e padrões alimentares ligados a correntes de pensamentos e comportamentos. 
Continua anunciando a superação de costumes relacionados às práticas religiosas míticas e supersticiosas. Ele concentra tudo em Cristo. Nele, os colossenses morreram para tornar tudo vivo nele. Todas as preocupações e relações com a superstição e misticismo deixam de ter sentido em Cristo. Tudo deixará de existir pela ação de Cristo na história e na vida. 

Em Cristo, a vida nova (3,1–4) Paulo continua com o ímpeto que lhe é próprio quando fala de Cristo. Anuncia aos colossenses o Cristo e as "coisas do alto", seguramente os valores do Evangelho. Apresenta, aqui, uma espécie de dicotomia: as coisas do alto e as coisas da terra como contrapostas. São os valores do mundo, da terra, e os valores do Evangelho, como dissemos. A vida dos colossenses deve estar em Cristo, em Deus. A ele se chega buscando os valores do Evangelho. 

Terceira parte: ética (3,5-4,6) 

Comportamento cristão (3,5–17). 

O Apóstolo indica comportamentos para todos os colossenses, como ira, exaltação, maldade, conversas indecentes. Essas coisas são apresentadas por ele como inadequadas ao fiel. Paulo insiste, também, na situação da pessoa tocada pela graça de Cristo: ele está renovado, transformado. Independentemente se for judeu ou grego, circunciso ou incircunciso, escravo ou livre: o que importa é que Cristo está em todos. É a plenitude de Cristo, conforme podemos ver na passagem a seguir: […]. Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento. Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos (3,9–11). 

Moral doméstica (3,18-4,1) 
A moral doméstica é a indicação de comportamentos caseiros. Paulo indica-os às mulheres, aos maridos, aos filhos e aos pais. São elementos práticos e absolutos, fundamentais. 
Em seguida, dirige-se aos servos, parte integrante da sociedade da época. Ele fundamenta tudo em Cristo Jesus. Os senhores devem, também, ser justos com seus servos, pois há, na realidade, apenas um Senhor, que é Cristo. 

Comportamento apostólico (4,2–6) 
Para seguir como discípulos de Cristo, Paulo indica os principais comportamentos, que são a oração, a vigilância, a sabedoria, a sensibilidade e a coerência. 

Conclusão (4,7–18) 

As notícias do Apóstolo são muitas. Ele envia Tíquico como portador da Carta. Onésimo, motivo da Carta a Filêmon, também é citado. Outros são citados: Aristarco, que parece estar com Paulo na prisão, o que lhe vale a identidade de "companheiro da prisão"; e Marcos, primo de Barnabé, que, depois, será lembrado na 2ª Timóteo. Além disso, é citado um tal Jesus, o justo; e Epafras, identificado como de Colossas. Paulo cita, ainda, Lucas e Demas. 

Depois, Paulo manda saudações aos da igreja de Laodiceia e aos que se reúnem na casa de Ninfas. Todas as saudações expressam uma proximidade muito grande do Apóstolo e um círculo grande de conhecimento. Talvez esse seja o testemunho de que essa Carta não é deuteropaulina, mas protopaulina.

No final, há a menção de sua assinatura, feita de próprio punho (4,18) e o convite à lembrança da prisão ou "das prisões" de Paulo. 

4. Atividade
Fazer uma pesquisa no seu ambiente de família, amigos, trabalho e compor uma lista sobre as que lhe parecem:

COISAS DO ALTO                                           COISAS DA TERRA

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Depois, publique nos Comentários no final desta página, para conhecimento de todos/as.




5. Oração (Leitura orante - Paulina, como é sugerida na página deste site)
Fazer a Leitura Orante do 
Hino cristológico 1,15–20 

15    Ele é a imagem do Deus invisível,

o Primogênito,

anterior a qualquer criatura;

16        porque nele foram criadas todas as coisas,

tanto as celestes como as terrestres,

as visíveis como as invisíveis:

tronos, soberanias, principados e autoridades.

Tudo foi criado por meio dele e para ele.

17        Ele existe antes de todas as coisas, e tudo nele subsiste.

18     Ele é também a Cabeça do corpo, que é a Igreja.

Ele é o Princípio, o primeiro daqueles

que ressuscitam dos mortos,

para em tudo ter a primazia.

19        Porque Deus, a Plenitude total, quis nele habitar,

20        para, por meio dele,

reconciliar consigo todas as coisas,

tanto as terrestres como as celestes,

estabelecendo a paz

pelo seu sangue derramado na cruz.



Terminar com a música "Toda língua proclame Jesus Cristo é Senhor" ( Ver vídeo na página inicial, lado direito)

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