Carta aos Filipenses
ROTEIRO PARA ESTUDO
1. Introdução à carta
2. Leitura da Carta (possivelmente em A Bíblia - Novo Testamento, Paulinas).
3. Estudo da Carta
4. Atividade
5. Oração (Leitura orante - Paulina, como é sugerida na página inicial deste site)
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1. Introdução à carta
O VERDADEIRO EVANGELHO
Filipos foi a primeira cidade européia que recebeu a mensagem cristã (At 16,6-40). Paulo aí chegou na primavera do ano 50 durante a segunda viagem missionária.
O primeiro núcleo da comunidade por ele fundada formou-se através de reuniões na casa de Lídia, uma negociante de púrpura, que acolhera Paulo por ocasião de sua visita. O Apóstolo voltou a Filipos outras vezes, durante suas várias passagens pela Macedônia.
Os cristãos de Filipos foram sempre os mais ligados ao Apóstolo e diversas vezes o socorreram com auxílio material (Fl 4,16; 2Cor 11,9).
A carta aos Filipenses foi escrita na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55-57 (At 19). Paulo está incerto sobre o rumo que sua situação tornará: poderá ser morto ou posto em liberdade. Mas ele tem grande confiança de que será solto e que poderá visitar de novo, pessoalmente, a comunidade de Filipos.
Vários motivos levam Paulo a escrever esta carta:
- deseja agradecer o auxílio enviado pela comunidade (2,25; 4,10-20);
- anuncia a visita de Timóteo a Filipos e explica a razão da volta imprevista de Epafrodito (2,19-30);
- adverte a comunidade sobre a divisão causada pelo espírito de competição e egoísmo de alguns (2,1-4);
- previne a comunidade contra os pregadores judaizantes, que põem a salvação na circuncisão e na observância da lei (3,2-11);
- relembra aos cristãos de Filipos que a autenticidade do Evangelho, anunciado e vivido, está na cruz de Cristo (2,5-11).
Paulo demonstra afeto e gratidão pela comunidade de Filipos e, por isso, quer vê-la sempre fiel ao Evangelho. Alguns pregadores insistem que a salvação depende da Lei. O Apóstolo mostra com vigor que a salvação só depende de Jesus Cristo. É Jesus que, feito homem e morto numa cruz, recebeu do Pai o poder de dar aos homens a salvação. E todo aquele que não transmite isso pelo testemunho de vida e pela palavra será sempre falso transmissor do Evangelho. Esta carta, portanto, fornece o critério para que uma comunidade cristã saiba reconhecer o verdadeiro Evangelho e quais são os pregadores autênticos.
A cidade de Filipos Filipos era uma das principais cidades da Macedônia. Foi fundada no século 6º a.C. pelos tasianos e conquistada por Filipe II, da Macedônia, em 356 a.C.
Permaneceu como modesta aldeia até a campanha de Antonio e Otaviano contra Bruto e Cássio.
Em 42 a.C., recebeu colonos enviados por Antonio e, pouco depois, em 31, após a famosa batalha de Ácio, foi Otaviano quem enviou mais habitantes.
Filipos tinha uma população militar e civil que vivia em harmonia. Uma colônia militar mantida pelo trabalho agrícola, com população greco-romana e acentuada presença de trácios.
Os cultos romanos eram florescentes, mas havia, também, as religiões orientais. Filipos era uma espécie de passagem entre a cultura romana e os elementos e influências orientais. A igreja de Filipos foi fundada por Paulo entre os anos 50 e 52. Ele passou por lá durante sua segunda viagem missionária (Atos dos Apóstolos 15,36-18,22).
Motivado por um sonho, em que aparecia um macedônio lhe pedindo ajuda, Paulo decidiu ir até a Macedônia e desembarcou em Filipos (Atos 16,12). Ali, juntamente aos seus companheiros de missão, esteve por alguns dias; no sábado, conforme o relato de Atos 16,13, eles foram até um lugar próximo ao rio, onde souberam que havia orações. Lá, encontraram algumas mulheres, seguramente judias e prosélitas, que acolheram o anúncio evangélico. Uma dessas mulheres, chamada Lídia, batizada com sua família, acolheu os missionários.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Com base na constatação do lugar comum de oração, é provável que, em Filipos, não houvesse sinagoga. O lugar de pregação – que era o lugar de oração onde Paulo encontrou Lídia e outras mulheres – era um local aberto e de livre acesso a quem desejasse participar. Entre essas pessoas, Atos indica uma mulher tomada por um "espírito pitônico", uma espécie de transe adivinhatório. Ela acompanhou os missionários durante alguns dias, aclamando-os como enviados de Deus (Atos 16,17–18). Paulo ordenou, então, ao tal "espírito pitônico" que deixasse a mulher, da mesma forma que Jesus ordenou a expulsão de um espírito mal em Marcos 1,24s e 34. Esse fato marcou o início das hostilidades contra o grupo missionário.
Em Atos 16,19–24, vemos que os fatos se agravaram: Paulo e Silas são acusados; há uma revolta, e os magistrados agridem-nos para, depois, jogá-los na prisão. Em 16,25, narra-se o prodígio da libertação dos dois missionários e o pavor do carcereiro que, acalmado por Paulo, acaba por ouvir a pregação evangélica e se converte.
Ao amanhecer, os magistrados, talvez percebendo a situação, mandam que os presos sejam libertados. Entretanto, Paulo recusa-se a sair da prisão e acusa-os de abuso de poder contra cidadãos romanos. Os magistrados reconhecem o erro de conduta e pedem gentilmente que Paulo e Silas deixem a cidade. Depois disso, os missionários vão à casa de Lídia, mantêm contato com os recém-convertidos e, depois, partem, indo para Tessalônica. Assim, teve começo a Igreja de Filipos.
A fundação da comunidade cristã de Filipos é, portanto, anterior à de Tessalônica.
Paulo tem uma linguagem afetuosa para com os filipenses. O fato de ter aceito a ajuda da comunidade já é um exemplo de simplicidade nas relações entre a igreja e o Apóstolo.
Ele devia estar na prisão quando escreveu a Carta, pois lembra, em 1,13: "em todo o pretório e por toda parte tornou-se conhecido que é por causa de Cristo que estou preso". Alguns pensam em uma "prisão" simbólica, algo como "ligado a Cristo". O sentido do "estou preso" seria uma ligação sólida a Cristo, mas essa hipótese não é mais cabível. Provavelmente, Paulo está em uma de suas prisões; não se sabe, contudo, qual seria essa prisão.
Outro aspecto da Carta aos Filipenses é a impressão que ela dá de ser composta de três Cartas menores. Uma leitura atenta indica três partes relativamente distintas entre si.
Estrutura e comentários à Carta aos Filipenses
A Carta compõe-se de quatro capítulos, que podem ser divididos em oito pequenas partes, como você pode observar no Quadro:
Carta aos Filipenses: divisão proposta.
Endereço: 1,1–2
Ação graças - 1,3–11
Notícias do Apóstolo - 1,12–26
Apelo à unidade e perseverança e hino cristológico - 1,27—2,18
Comunicação de projetos - 2,19—3,1
1ª Ruptura do texto - 3,1 / 3,2
Ataque aos falsos doutores - 4,1 / 4,2
2ª Ruptura do texto - 4,1 / 4,2
Alertas e recomendações - 4,2–9
3ª Ruptura do texto - 4,9 / 4,10
4ª ruptura (4,20 / 4,21)
Gratidão pelos dons - 4,10–20
Saudações - 4,21–23
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É imprescindível a leitura do texto da Carta aos Filipenses. Não é, pois, suficiente seguir esses comentários, que são para contextualizar a leitura da Carta. Uma sugestão é, primeiramente, ler a Carta e, em seguida, estudar o comentário. Pode-se, também, fazer a leitura da Carta com os comentários a seguir.
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Endereço (1,1–2)
Paulo dirige-se aos filipenses associando a si Timóteo, dizendo serem servos em Jesus Cristo. Não há insistência na ideia de "apóstolo". Ele fala de santos de Filipos e cita os "bispos e diáconos", concluindo com os votos de graça e paz. É notável a menção desses "bispos" e "diáconos". A ideia para bispos é a de líderes da igreja, supervisores da comunidade. De fato, a palavra grega para "bispo" é "epíscopos", que significa aquele que "olha por cima", ou supervisiona. "Diácono" vem de "diakonos" e quer dizer "servidor"; o termo não pode ser confundido com o "diácono" de nossos dias, ministro ordenado no primeiro grau da ordem. Hoje, o termo "diácono" tem uma função voltada à liturgia e ao serviço pastoral; "diácono" no contexto da Antiguidade, voltava-se mais ao serviço, à organização da comunidade. Teria sido alguém como um coordenador de comunidade.
Ação de graças (1,3–11)
Nesses poucos versículos, já surgem alguns temas que serão recorrentes na Carta: a alegria (versículo 4), o anúncio da palavra do Evangelho e a parúsia: "o dia de Cristo" (versículo 10). Paulo agradece a Deus pelo passado, pelo presente e pelo futuro dos filipenses. No passado, eles deram uma colaboração clara para a evangelização, alusão feita nos versículos 3–6. No presente, eles se mostram próximos do Apóstolo, inclusive em sua prisão, como se lê em 7–8. Quanto ao futuro, Paulo deseja-lhes caridade, como se observa nos versículos 8–11.
Notícias do Apóstolo(1,12–26)
Paulo informa que está preso (versículo 13), mas percebe que, apesar disso, há um grande empenho em anunciar o Evangelho (versículo 14). Indica aos filipenses que deviam redobrar a audácia no anúncio (versículo 14). O fundamental é anunciar o Evangelho e Cristo ser conhecido (versículo 18). Aqui, ele se expressa de modo quase apaixonado quando declara que "[…] Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte" (versículo 20). Expressa, depois, um pensamento que se torna axioma cristão: "[…] para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" (versículo 21). Em seguida, professa sua total adesão a Cristo, reconhecendo que, nele, encontra a sua felicidade. A vida física fica para segundo plano quando colocada em relação a Jesus Cristo. Sente-se dividido: deseja ir com Cristo, mas deseja continuar evangelizando (versículo 23). É o Paulo apaixonado por Jesus Cristo que fala e partilha essa paixão.
Apelo à unidade e perseverança e hino cristológico - 1,27—2,18
O testemunho até o sofrimento por Cristo é uma realidade (versículo 28). Paulo declara que os filipenses conhecem seu combate e que isso continua como sinal de esperança. Essa esperança, que gera a luta, a perseverança, tem o fundamento em Jesus Cristo; nesse ponto, ele insere o hino cristológico de 2,5–11.
Os filipenses devem ser perseverantes no testemunho, inclusive no trato mútuo, "[…] a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo" (2,15). No final, Paulo convida à alegria, ao regozijo (2,18).
Informação __________________________________________
O hino cristológico da Carta aos Filipenses é interessante e denso de conteúdo. Sugerimos que você se dedique a ele um pouco mais no seu estudo. Para tanto, recomendamos uma pesquisa em: MURPHY-O’CONNOR, J. Paulo. Biografia crítica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2000. p. 232-233.
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Projetos do Apóstolo (2,19—3,1)
Paulo informa que mandará Timóteo até os filipenses para obter notícias da igreja. Elogia intensamente esse seu colaborador (2,20–22). No final do elogio a Timóteo, indica que também deseja ver a Igreja de Filipos depois do desfecho de sua causa, da solução de sua prisão. A seguir, ele cita outro colaborador, Epafrodito, um cristão de Filipos que lhe trouxera os auxílios da comunidade (2,25–26).
Comunicação de projetos - 2,19—3,1
Primeira ruptura: 3,1 / 3,2
Aqui, o texto sofre uma ruptura. Paulo está exultando pela vida em Cristo que sente possuir. Exorta que todos estejam na alegria e propõe-se a escrever outras admoestações. Sugere que já escreveu algo aos filipenses, o que faz pensar em outra carta. O Apóstolo continua a escrever, julgando ser conveniente o que faz, e inicia um argumento novo, radicalmente diferente do anterior.
Ataque aos falsos doutores (3,2—4,1)
Paulo critica seus adversários, que são judeus e cristãos judaizantes. Insiste em uma ideia: os circuncisos são os fiéis em Cristo, livres no Espírito Santo, independentes do grupo ético. O fato é que os judaizantes insistiam na necessidade da circuncisão para os que viessem fazer parte do grupo cristão. A circuncisão era um rito judaico que inseria o fiel na Aliança. Os judaizantes tinham em grande conta ser judeus de origem, o que lhes dava, pela prática anterior e espontânea da circuncisão, a possibilidade de estar no caminho da salvação. Essa proposta, contudo, não é serena. Pelo contrário, é persecutória: eles negam sistematicamente o ministério de Paulo, que se sente livre perante a Lei e não propõe aos fiéis vindo do Paganismo a circuncisão. Muito menos é dependente da origem judaica. Para ilustrar seu pensamento, apresenta sua identidade em 4b–6, dizendo-se circuncidado, israelita, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus, fariseu, antigo perseguidor da Igreja, irrepreensível no cumprimento da Lei. Porém, tudo isso não tem valor em função de Jesus Cristo e seu seguimento. Paulo vai abrindo seu pensamento e seu coração e chega a altas considerações de adesão a Cristo. Diz: "[…] eu fui conquistado por Cristo" (3,12). Em seguida, ele volta para sua realidade e, especialmente, para a situação dos filipenses, alertando-os a seguir o seu exemplo. Ele indica que existem os "inimigos da cruz de Cristo" (3,18), evidenciando suas características, e identifica os discípulos do Senhor de "cidadãos do céu" (3,20). No final, exorta à firmeza e à perseverança (4,1).
Segunda ruptura: 4,1 / 4,2
Subitamente, Paulo começa uma série de exortações que não tem conexão com a temática anterior. Aqui, os estudiosos reconhecem a possibilidade de outra ruptura do texto. Alertas e recomendações (4,2–9) Em alguns versículos, o Apóstolo exorta de diversas maneiras a comunidade de Filipos. Primeiro, alerta quanto ao trato mútuo; exorta que haja auxílio entre os indivíduos da comunidade. Fala do "livro da vida"; certamente, uma metáfora para representar os que estão na graça de Deus. Mais uma vez, ele convida à alegria (versículo 4), com insistência, pois todos são tocados pela graça do Senhor. Os filipenses devem apresentar suas necessidades a Deus e seguir o exemplo do Apóstolo. Os dois últimos versículos dessa parte são muito eloquentes quanto à conduta proposta por Paulo.
Terceira ruptura: 4,9/4,10
A um passo de concluir a Carta, surge mais uma ruptura. Paulo muda o argumento para referir-se a bens recebidos da parte do filipenses.
Gratidão pelos dons (4,10–20)
Paulo agradece aos filipenses pelos dons que lhe mandaram. Há uma espécie de cumplicidade entre eles e o Apóstolo, que, reconhecendo seu estilo austero de viver, admite necessidades. É grato pelo envio de ajuda a ele, não uma, mas duas vezes. No versículo 20, faz uma doxologia.
Quarta ruptura (4,20 / 4,21) A quarta ruptura não é muito sentida no texto, pois ele prossegue com o seu estilo de saudação próprio.
Saudações (4,21–23)
As saudações são bem simples, quase desprovidas de afetos. No final, Paulo deseja a graça do Jesus Cristo.
Questões a respeito da Carta aos Filipenses
Quanto à autoria: não pairam dúvidas sobre a origem paulina autêntica da Carta aos Filipenses, sobre a memória da passagem de Paulo por Filipos e sobre a presença da igreja por ele fundada. Esse escrito é o que mais se aproxima, no "corpus paulinum", do estrito estilo Carta, junto àquele dirigido a Filêmon.
Quanto ao local da escrita e data: a questão de datação de Filipenses liga-se diretamente ao seu provável local de escrita. São três as possibilidades, todas com um grau variável de segurança. Aliada a essa questão, está, também, a hipótese de três Cartas em uma. Paulo dá a entender que se encontra preso e cita o pretório: "em todo o pretório e por toda parte tornou-se conhecido que é por causa de Cristo que estou preso" (1,13). Se for em Roma, trata-se da guarda pretoriana, soldados diretamente locados a serviço do Imperador. Contudo, Filipenses sugere um intercâmbio de visitas de Paulo e de seus colaboradores, o que seria de difícil realização se ele estivesse escrevendo em Roma, entre os anos 60 e 63. Outra hipótese é a de Paulo escrever em Cesareia, durante sua prisão, logo após o levante em Jerusalém (Atos 24,22ss). Nesse caso, o pretório seria o local de atendimento e julgamento do governador. Contudo, essa hipótese não é mais considerada pelos estudiosos, em função da distância e maior dificuldade de comunicação entre Paulo e os filipenses. A terceira e mais considerada possibilidade de local de redação de Filipenses é Éfeso. Lá, a comunicação com Filipos seria mais fácil, e o intercâmbio de visitas, mais provável. No caso de ser a cidade de Éfeso, então, a data aceita para Filipenses, considerando uma redação única, isto é, não levando em conta a divisão da Carta, seria, possivelmente, o ano 56. A favor dessa hipótese, tem-se a já citada menor distância entre as duas cidades e a menção do pretório do Imperador, que pode, muito bem, ser o ambiente destinado ao governador. Em Filipenses 2,19, sabemos que Paulo desejava mandar Timóteo a Filipos, indo em seguida (Filipenses 2,24). Sabe-se que, em Éfeso, Paulo decidiu ir para Macedônia e que enviou, antes, Timóteo (1 Coríntios 16,5–9; Atos 19,21s). Em favor de uma data mais tardia de Filipenses (ano 56), tem-se o vocabulário e as expressões teológicas, bem como a polêmica do capítulo três, muito semelhante a 2 Coríntios 11. Contudo, dificultando a realidade dessa hipótese, não se encontra, em Atos, qualquer menção a uma prisão em Éfeso. Isso não invalida a hipótese, pois sabemos que Atos não é um livro biográfico ou um relatório de viagem detalhado. Atos dos Apóstolos obedece a um projeto teológico baseado na ideia de testemunho e expansão do anúncio evangélico.
Três cartas dentro de uma
Não são todos os estudiosos que reconhecem três partes compondo o conjunto de Filipenses.
As rupturas são estas:
1) 3,1 e 3,2.
2) 4,1 e 4,2.
3) 4,9 e 4,10.
4) 4,20 e 4,21.
Elas formam blocos dentro da Carta. A questão é: esses blocos são, originalmente, independentes e, depois, foram reunidos? Os que propõem uma divisão e, depois, uma unificação dos blocos dentro da Carta identificam, além dessas rupturas, o agrupamento do texto em três partes, que são chamadas de "Cartas". Seriam:
• Carta A: 4,10–20, dito "bilhete de agradecimento".
• Carta B: 1,1—3,1, junto a 4,2–9, Carta de agradecimento à unidade e de notícias pessoais.
• Carta C: 3,2—4,1, ataque aos falsos doutores.
Se essas três partes ou bilhetes foram enviadas de Éfeso a Filipos e, depois, reunidas, certamente, foram em datas diferentes.
O conjunto da Carta poderia ser datado de 56 ou 57. Estabelecemos essa datação como referência.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para maiores informações sobre o debate em torno das questões das partes ou bilhetes de Filipos e de sua datação, sugerimos o texto: CARREZ, M. et al. As cartas de Paulo, Tiago, Pedro e Judas. São Paulo: Paulinas, 1987. p. 194-198.
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1. Introdução à carta
O VERDADEIRO EVANGELHO
Filipos foi a primeira cidade européia que recebeu a mensagem cristã (At 16,6-40). Paulo aí chegou na primavera do ano 50 durante a segunda viagem missionária.
O primeiro núcleo da comunidade por ele fundada formou-se através de reuniões na casa de Lídia, uma negociante de púrpura, que acolhera Paulo por ocasião de sua visita. O Apóstolo voltou a Filipos outras vezes, durante suas várias passagens pela Macedônia.
Os cristãos de Filipos foram sempre os mais ligados ao Apóstolo e diversas vezes o socorreram com auxílio material (Fl 4,16; 2Cor 11,9).
A carta aos Filipenses foi escrita na prisão, provavelmente em Éfeso, entre os anos 55-57 (At 19). Paulo está incerto sobre o rumo que sua situação tornará: poderá ser morto ou posto em liberdade. Mas ele tem grande confiança de que será solto e que poderá visitar de novo, pessoalmente, a comunidade de Filipos.
Vários motivos levam Paulo a escrever esta carta:
- deseja agradecer o auxílio enviado pela comunidade (2,25; 4,10-20);
- anuncia a visita de Timóteo a Filipos e explica a razão da volta imprevista de Epafrodito (2,19-30);
- adverte a comunidade sobre a divisão causada pelo espírito de competição e egoísmo de alguns (2,1-4);
- previne a comunidade contra os pregadores judaizantes, que põem a salvação na circuncisão e na observância da lei (3,2-11);
- relembra aos cristãos de Filipos que a autenticidade do Evangelho, anunciado e vivido, está na cruz de Cristo (2,5-11).
Paulo demonstra afeto e gratidão pela comunidade de Filipos e, por isso, quer vê-la sempre fiel ao Evangelho. Alguns pregadores insistem que a salvação depende da Lei. O Apóstolo mostra com vigor que a salvação só depende de Jesus Cristo. É Jesus que, feito homem e morto numa cruz, recebeu do Pai o poder de dar aos homens a salvação. E todo aquele que não transmite isso pelo testemunho de vida e pela palavra será sempre falso transmissor do Evangelho. Esta carta, portanto, fornece o critério para que uma comunidade cristã saiba reconhecer o verdadeiro Evangelho e quais são os pregadores autênticos.
2. Leitura da Carta (possivelmente em A Bíblia - Novo Testamento, Paulinas).
3. Estudo da Carta
A cidade de Filipos Filipos era uma das principais cidades da Macedônia. Foi fundada no século 6º a.C. pelos tasianos e conquistada por Filipe II, da Macedônia, em 356 a.C.
Permaneceu como modesta aldeia até a campanha de Antonio e Otaviano contra Bruto e Cássio.
Em 42 a.C., recebeu colonos enviados por Antonio e, pouco depois, em 31, após a famosa batalha de Ácio, foi Otaviano quem enviou mais habitantes.
Filipos tinha uma população militar e civil que vivia em harmonia. Uma colônia militar mantida pelo trabalho agrícola, com população greco-romana e acentuada presença de trácios.
Os cultos romanos eram florescentes, mas havia, também, as religiões orientais. Filipos era uma espécie de passagem entre a cultura romana e os elementos e influências orientais. A igreja de Filipos foi fundada por Paulo entre os anos 50 e 52. Ele passou por lá durante sua segunda viagem missionária (Atos dos Apóstolos 15,36-18,22).
Motivado por um sonho, em que aparecia um macedônio lhe pedindo ajuda, Paulo decidiu ir até a Macedônia e desembarcou em Filipos (Atos 16,12). Ali, juntamente aos seus companheiros de missão, esteve por alguns dias; no sábado, conforme o relato de Atos 16,13, eles foram até um lugar próximo ao rio, onde souberam que havia orações. Lá, encontraram algumas mulheres, seguramente judias e prosélitas, que acolheram o anúncio evangélico. Uma dessas mulheres, chamada Lídia, batizada com sua família, acolheu os missionários.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Da leitura de Atos dos Apóstolos e das Cartas paulinas, depreende-se que Paulo não se permite ser de incômodo para seus possíveis hóspedes. Mas, em Filipos, ele teve de fazer alguma exceção a seu hábito, pois não havia qualquer referência anterior ou ponto de apoio na cidade para os missionários. Aliás, em 2 Coríntios 8,2s, ele lembra a generosidade dos irmãos da Macedônia, região onde se encontrava Filipos. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Com base na constatação do lugar comum de oração, é provável que, em Filipos, não houvesse sinagoga. O lugar de pregação – que era o lugar de oração onde Paulo encontrou Lídia e outras mulheres – era um local aberto e de livre acesso a quem desejasse participar. Entre essas pessoas, Atos indica uma mulher tomada por um "espírito pitônico", uma espécie de transe adivinhatório. Ela acompanhou os missionários durante alguns dias, aclamando-os como enviados de Deus (Atos 16,17–18). Paulo ordenou, então, ao tal "espírito pitônico" que deixasse a mulher, da mesma forma que Jesus ordenou a expulsão de um espírito mal em Marcos 1,24s e 34. Esse fato marcou o início das hostilidades contra o grupo missionário.
Em Atos 16,19–24, vemos que os fatos se agravaram: Paulo e Silas são acusados; há uma revolta, e os magistrados agridem-nos para, depois, jogá-los na prisão. Em 16,25, narra-se o prodígio da libertação dos dois missionários e o pavor do carcereiro que, acalmado por Paulo, acaba por ouvir a pregação evangélica e se converte.
Ao amanhecer, os magistrados, talvez percebendo a situação, mandam que os presos sejam libertados. Entretanto, Paulo recusa-se a sair da prisão e acusa-os de abuso de poder contra cidadãos romanos. Os magistrados reconhecem o erro de conduta e pedem gentilmente que Paulo e Silas deixem a cidade. Depois disso, os missionários vão à casa de Lídia, mantêm contato com os recém-convertidos e, depois, partem, indo para Tessalônica. Assim, teve começo a Igreja de Filipos.
A fundação da comunidade cristã de Filipos é, portanto, anterior à de Tessalônica.
Paulo tem uma linguagem afetuosa para com os filipenses. O fato de ter aceito a ajuda da comunidade já é um exemplo de simplicidade nas relações entre a igreja e o Apóstolo.
Ele devia estar na prisão quando escreveu a Carta, pois lembra, em 1,13: "em todo o pretório e por toda parte tornou-se conhecido que é por causa de Cristo que estou preso". Alguns pensam em uma "prisão" simbólica, algo como "ligado a Cristo". O sentido do "estou preso" seria uma ligação sólida a Cristo, mas essa hipótese não é mais cabível. Provavelmente, Paulo está em uma de suas prisões; não se sabe, contudo, qual seria essa prisão.
Outro aspecto da Carta aos Filipenses é a impressão que ela dá de ser composta de três Cartas menores. Uma leitura atenta indica três partes relativamente distintas entre si.
Estrutura e comentários à Carta aos Filipenses
A Carta compõe-se de quatro capítulos, que podem ser divididos em oito pequenas partes, como você pode observar no Quadro:
Carta aos Filipenses: divisão proposta.
Endereço: 1,1–2
Ação graças - 1,3–11
Notícias do Apóstolo - 1,12–26
Apelo à unidade e perseverança e hino cristológico - 1,27—2,18
Comunicação de projetos - 2,19—3,1
1ª Ruptura do texto - 3,1 / 3,2
Ataque aos falsos doutores - 4,1 / 4,2
2ª Ruptura do texto - 4,1 / 4,2
Alertas e recomendações - 4,2–9
3ª Ruptura do texto - 4,9 / 4,10
4ª ruptura (4,20 / 4,21)
Gratidão pelos dons - 4,10–20
Saudações - 4,21–23
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É imprescindível a leitura do texto da Carta aos Filipenses. Não é, pois, suficiente seguir esses comentários, que são para contextualizar a leitura da Carta. Uma sugestão é, primeiramente, ler a Carta e, em seguida, estudar o comentário. Pode-se, também, fazer a leitura da Carta com os comentários a seguir.
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Endereço (1,1–2)
Paulo dirige-se aos filipenses associando a si Timóteo, dizendo serem servos em Jesus Cristo. Não há insistência na ideia de "apóstolo". Ele fala de santos de Filipos e cita os "bispos e diáconos", concluindo com os votos de graça e paz. É notável a menção desses "bispos" e "diáconos". A ideia para bispos é a de líderes da igreja, supervisores da comunidade. De fato, a palavra grega para "bispo" é "epíscopos", que significa aquele que "olha por cima", ou supervisiona. "Diácono" vem de "diakonos" e quer dizer "servidor"; o termo não pode ser confundido com o "diácono" de nossos dias, ministro ordenado no primeiro grau da ordem. Hoje, o termo "diácono" tem uma função voltada à liturgia e ao serviço pastoral; "diácono" no contexto da Antiguidade, voltava-se mais ao serviço, à organização da comunidade. Teria sido alguém como um coordenador de comunidade.
Ação de graças (1,3–11)
Nesses poucos versículos, já surgem alguns temas que serão recorrentes na Carta: a alegria (versículo 4), o anúncio da palavra do Evangelho e a parúsia: "o dia de Cristo" (versículo 10). Paulo agradece a Deus pelo passado, pelo presente e pelo futuro dos filipenses. No passado, eles deram uma colaboração clara para a evangelização, alusão feita nos versículos 3–6. No presente, eles se mostram próximos do Apóstolo, inclusive em sua prisão, como se lê em 7–8. Quanto ao futuro, Paulo deseja-lhes caridade, como se observa nos versículos 8–11.
Notícias do Apóstolo(1,12–26)
Paulo informa que está preso (versículo 13), mas percebe que, apesar disso, há um grande empenho em anunciar o Evangelho (versículo 14). Indica aos filipenses que deviam redobrar a audácia no anúncio (versículo 14). O fundamental é anunciar o Evangelho e Cristo ser conhecido (versículo 18). Aqui, ele se expressa de modo quase apaixonado quando declara que "[…] Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte" (versículo 20). Expressa, depois, um pensamento que se torna axioma cristão: "[…] para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" (versículo 21). Em seguida, professa sua total adesão a Cristo, reconhecendo que, nele, encontra a sua felicidade. A vida física fica para segundo plano quando colocada em relação a Jesus Cristo. Sente-se dividido: deseja ir com Cristo, mas deseja continuar evangelizando (versículo 23). É o Paulo apaixonado por Jesus Cristo que fala e partilha essa paixão.
Apelo à unidade e perseverança e hino cristológico - 1,27—2,18
O testemunho até o sofrimento por Cristo é uma realidade (versículo 28). Paulo declara que os filipenses conhecem seu combate e que isso continua como sinal de esperança. Essa esperança, que gera a luta, a perseverança, tem o fundamento em Jesus Cristo; nesse ponto, ele insere o hino cristológico de 2,5–11.
Os filipenses devem ser perseverantes no testemunho, inclusive no trato mútuo, "[…] a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo" (2,15). No final, Paulo convida à alegria, ao regozijo (2,18).
Informação __________________________________________
O hino cristológico da Carta aos Filipenses é interessante e denso de conteúdo. Sugerimos que você se dedique a ele um pouco mais no seu estudo. Para tanto, recomendamos uma pesquisa em: MURPHY-O’CONNOR, J. Paulo. Biografia crítica. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2000. p. 232-233.
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Projetos do Apóstolo (2,19—3,1)
Paulo informa que mandará Timóteo até os filipenses para obter notícias da igreja. Elogia intensamente esse seu colaborador (2,20–22). No final do elogio a Timóteo, indica que também deseja ver a Igreja de Filipos depois do desfecho de sua causa, da solução de sua prisão. A seguir, ele cita outro colaborador, Epafrodito, um cristão de Filipos que lhe trouxera os auxílios da comunidade (2,25–26).
Comunicação de projetos - 2,19—3,1
Primeira ruptura: 3,1 / 3,2
Aqui, o texto sofre uma ruptura. Paulo está exultando pela vida em Cristo que sente possuir. Exorta que todos estejam na alegria e propõe-se a escrever outras admoestações. Sugere que já escreveu algo aos filipenses, o que faz pensar em outra carta. O Apóstolo continua a escrever, julgando ser conveniente o que faz, e inicia um argumento novo, radicalmente diferente do anterior.
Ataque aos falsos doutores (3,2—4,1)
Paulo critica seus adversários, que são judeus e cristãos judaizantes. Insiste em uma ideia: os circuncisos são os fiéis em Cristo, livres no Espírito Santo, independentes do grupo ético. O fato é que os judaizantes insistiam na necessidade da circuncisão para os que viessem fazer parte do grupo cristão. A circuncisão era um rito judaico que inseria o fiel na Aliança. Os judaizantes tinham em grande conta ser judeus de origem, o que lhes dava, pela prática anterior e espontânea da circuncisão, a possibilidade de estar no caminho da salvação. Essa proposta, contudo, não é serena. Pelo contrário, é persecutória: eles negam sistematicamente o ministério de Paulo, que se sente livre perante a Lei e não propõe aos fiéis vindo do Paganismo a circuncisão. Muito menos é dependente da origem judaica. Para ilustrar seu pensamento, apresenta sua identidade em 4b–6, dizendo-se circuncidado, israelita, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus, fariseu, antigo perseguidor da Igreja, irrepreensível no cumprimento da Lei. Porém, tudo isso não tem valor em função de Jesus Cristo e seu seguimento. Paulo vai abrindo seu pensamento e seu coração e chega a altas considerações de adesão a Cristo. Diz: "[…] eu fui conquistado por Cristo" (3,12). Em seguida, ele volta para sua realidade e, especialmente, para a situação dos filipenses, alertando-os a seguir o seu exemplo. Ele indica que existem os "inimigos da cruz de Cristo" (3,18), evidenciando suas características, e identifica os discípulos do Senhor de "cidadãos do céu" (3,20). No final, exorta à firmeza e à perseverança (4,1).
Segunda ruptura: 4,1 / 4,2
Subitamente, Paulo começa uma série de exortações que não tem conexão com a temática anterior. Aqui, os estudiosos reconhecem a possibilidade de outra ruptura do texto. Alertas e recomendações (4,2–9) Em alguns versículos, o Apóstolo exorta de diversas maneiras a comunidade de Filipos. Primeiro, alerta quanto ao trato mútuo; exorta que haja auxílio entre os indivíduos da comunidade. Fala do "livro da vida"; certamente, uma metáfora para representar os que estão na graça de Deus. Mais uma vez, ele convida à alegria (versículo 4), com insistência, pois todos são tocados pela graça do Senhor. Os filipenses devem apresentar suas necessidades a Deus e seguir o exemplo do Apóstolo. Os dois últimos versículos dessa parte são muito eloquentes quanto à conduta proposta por Paulo.
Terceira ruptura: 4,9/4,10
A um passo de concluir a Carta, surge mais uma ruptura. Paulo muda o argumento para referir-se a bens recebidos da parte do filipenses.
Gratidão pelos dons (4,10–20)
Paulo agradece aos filipenses pelos dons que lhe mandaram. Há uma espécie de cumplicidade entre eles e o Apóstolo, que, reconhecendo seu estilo austero de viver, admite necessidades. É grato pelo envio de ajuda a ele, não uma, mas duas vezes. No versículo 20, faz uma doxologia.
Quarta ruptura (4,20 / 4,21) A quarta ruptura não é muito sentida no texto, pois ele prossegue com o seu estilo de saudação próprio.
Saudações (4,21–23)
As saudações são bem simples, quase desprovidas de afetos. No final, Paulo deseja a graça do Jesus Cristo.
Questões a respeito da Carta aos Filipenses
Quanto à autoria: não pairam dúvidas sobre a origem paulina autêntica da Carta aos Filipenses, sobre a memória da passagem de Paulo por Filipos e sobre a presença da igreja por ele fundada. Esse escrito é o que mais se aproxima, no "corpus paulinum", do estrito estilo Carta, junto àquele dirigido a Filêmon.
Quanto ao local da escrita e data: a questão de datação de Filipenses liga-se diretamente ao seu provável local de escrita. São três as possibilidades, todas com um grau variável de segurança. Aliada a essa questão, está, também, a hipótese de três Cartas em uma. Paulo dá a entender que se encontra preso e cita o pretório: "em todo o pretório e por toda parte tornou-se conhecido que é por causa de Cristo que estou preso" (1,13). Se for em Roma, trata-se da guarda pretoriana, soldados diretamente locados a serviço do Imperador. Contudo, Filipenses sugere um intercâmbio de visitas de Paulo e de seus colaboradores, o que seria de difícil realização se ele estivesse escrevendo em Roma, entre os anos 60 e 63. Outra hipótese é a de Paulo escrever em Cesareia, durante sua prisão, logo após o levante em Jerusalém (Atos 24,22ss). Nesse caso, o pretório seria o local de atendimento e julgamento do governador. Contudo, essa hipótese não é mais considerada pelos estudiosos, em função da distância e maior dificuldade de comunicação entre Paulo e os filipenses. A terceira e mais considerada possibilidade de local de redação de Filipenses é Éfeso. Lá, a comunicação com Filipos seria mais fácil, e o intercâmbio de visitas, mais provável. No caso de ser a cidade de Éfeso, então, a data aceita para Filipenses, considerando uma redação única, isto é, não levando em conta a divisão da Carta, seria, possivelmente, o ano 56. A favor dessa hipótese, tem-se a já citada menor distância entre as duas cidades e a menção do pretório do Imperador, que pode, muito bem, ser o ambiente destinado ao governador. Em Filipenses 2,19, sabemos que Paulo desejava mandar Timóteo a Filipos, indo em seguida (Filipenses 2,24). Sabe-se que, em Éfeso, Paulo decidiu ir para Macedônia e que enviou, antes, Timóteo (1 Coríntios 16,5–9; Atos 19,21s). Em favor de uma data mais tardia de Filipenses (ano 56), tem-se o vocabulário e as expressões teológicas, bem como a polêmica do capítulo três, muito semelhante a 2 Coríntios 11. Contudo, dificultando a realidade dessa hipótese, não se encontra, em Atos, qualquer menção a uma prisão em Éfeso. Isso não invalida a hipótese, pois sabemos que Atos não é um livro biográfico ou um relatório de viagem detalhado. Atos dos Apóstolos obedece a um projeto teológico baseado na ideia de testemunho e expansão do anúncio evangélico.
Três cartas dentro de uma
Não são todos os estudiosos que reconhecem três partes compondo o conjunto de Filipenses.
As rupturas são estas:
1) 3,1 e 3,2.
2) 4,1 e 4,2.
3) 4,9 e 4,10.
4) 4,20 e 4,21.
Elas formam blocos dentro da Carta. A questão é: esses blocos são, originalmente, independentes e, depois, foram reunidos? Os que propõem uma divisão e, depois, uma unificação dos blocos dentro da Carta identificam, além dessas rupturas, o agrupamento do texto em três partes, que são chamadas de "Cartas". Seriam:
• Carta A: 4,10–20, dito "bilhete de agradecimento".
• Carta B: 1,1—3,1, junto a 4,2–9, Carta de agradecimento à unidade e de notícias pessoais.
• Carta C: 3,2—4,1, ataque aos falsos doutores.
Se essas três partes ou bilhetes foram enviadas de Éfeso a Filipos e, depois, reunidas, certamente, foram em datas diferentes.
O conjunto da Carta poderia ser datado de 56 ou 57. Estabelecemos essa datação como referência.
Informação ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para maiores informações sobre o debate em torno das questões das partes ou bilhetes de Filipos e de sua datação, sugerimos o texto: CARREZ, M. et al. As cartas de Paulo, Tiago, Pedro e Judas. São Paulo: Paulinas, 1987. p. 194-198.
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4. Atividade
No Evangelho, descobrir e escrever os sentimentos de Jesus Cristo
Verificar quais você já vive e quais ainda precisa viver.
Sentimentos de Jesus Meus sentimentos
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5. Oração (Leitura orante - Paulina, como é sugerida na página inicial deste site)
No Evangelho, descobrir e escrever os sentimentos de Jesus Cristo
Verificar quais você já vive e quais ainda precisa viver.
Sentimentos de Jesus Meus sentimentos
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Rezar o hino cristológico - 2,5-11
5 Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo:
6 Ele tinha a condição divina,
mas não se apegou a sua igualdade com Deus.
7 Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de servo
e tornando-se semelhante aos homens.
Assim, apresentando-se como simples homem,
8 humilhou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até a morte,
e morte de cruz!
9 Por isso, Deus o exaltou grandemente,
e lhe deu o Nome
que está acima de qualquer outro nome;
10 para que, ao nome de Jesus,
se dobre todo joelho
no céu, na terra e sob a terra;
11 e toda língua confesse
que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai.
5 Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo:
6 Ele tinha a condição divina,
mas não se apegou a sua igualdade com Deus.
7 Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de servo
e tornando-se semelhante aos homens.
Assim, apresentando-se como simples homem,
8 humilhou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até a morte,
e morte de cruz!
9 Por isso, Deus o exaltou grandemente,
e lhe deu o Nome
que está acima de qualquer outro nome;
10 para que, ao nome de Jesus,
se dobre todo joelho
no céu, na terra e sob a terra;
11 e toda língua confesse
que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai.
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